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O queridinho de todos: conheça a história dos Funkos

Quem curte cultura pop e gosta tanto de colecionar objetos relacionados quanto decorar ambientes com esse tipo de temática costuma ter um ponto de partida básico: os funkos. Sim, estou falando daquelas figuras de ação cuja cabeça é propositalmente desproporcional em relação ao corpo e que tem linhas de produtos das mais variadas franquias, indo de filmes de Hollywood, passando por celebridades e personagens de mangás e animes.

O que pouca gente sabe é que, apesar de fazer sucesso na atualidade, a história da Funko – aqui, temos aquele caso de nome de empresa que virou sinônimo de produto – começou há mais de duas décadas. E que, em um primeiro momento, nada tinha a ver com nomes da cultura pop.

 

De Snohomish para o mundo

 

Você já ouviu falar de Snohomish? Não? Nem eu. Trata-se de uma cidadezinha no estado norte-americano de Washington, perto de Seattle. Foi lá que Mike Becker fundou a Funko. Inicialmente, a empresa era a concretização de um projeto de pequeno porte para a criação de brinquedos simples, com grande apelo nostálgico.

O primeiro boneco no formato que conhecemos hoje em nada tinha a ver com a cultura pop: tratava-se do mascote da rede de restaurantes Big Boy, tradicional nos Estados Unidos.

Após o pedido de falência dessa rede de restaurantes, a Funko sobreviveu graças a um acordo de licenciamento para criar figuras relacionadas ao filme Austin Powers. Foram 80 mil unidades vendidas de bonecos relacionados ao longa, o que abriu espaço para outros acordos do tipo.

A Funko, porém, não ficaria por muito mais tempo nas mãos de seu criador. Em 2005, ela foi vendida para Brian Mariotti, que até hoje atua como presidente – mesmo após a venda, em 2013, para um fundo de capitais, como forma de melhorar o caixa. Depois disso, a empresa trocou de mãos novamente em 2015, sendo comprada por uma empresa relacionada a investimentos.

Sede atual da Funko, localizada em Everett, Washington, EUA

Com o passar do tempo, claro, a empresa cresceu e muito. Para se ter ideia, em 2012 ela já tinha vendido o equivalente a US$ 20 milhões em produtos. A produção, que começou na casa de Mike Becker, passou a seguir um processo muito mais complexo, envolvendo designers, criação de protótipos para aprovação das empresas licenciadoras e a produção em si, que ocorre em fábricas da China e do Vietnã.

Não é exagero nenhum, portanto, dizer que a Funko saiu de uma cidade com menos de 10 mil habitantes para conquistar o mundo todo.

 

Inspiração japonesa?

 

A linha mais conhecida de bonecos da empresa é a Pop! Vinyl, que foi criada em 2011. E tanto pelo formato do corpo, quanto pelos traços dos rostos, com olhos redondos pretos (há exceções aqui), havia uma comparação inevitável: o estilo chibi, tipicamente japonês.

Você até pode não fazer uma associação direta, mas já deve ter visto algum mangá, anime ou jogo de videogame com personagens desse estilo, que também é conhecido por super deformed (ou SD). São representações visuais de personagens que mantêm os traços principais de suas faces, porém têm o corpo em tamanho diminuto.

Uma referência atual são os personagens do game Animal Crossing, da Nintendo. No ramo de colecionáveis, um bom exemplo desse tipo de estilo são os Nendoroids, da empresa Good Smile.

A Funko, porém, não se limita a essa linha de colecionáveis. Há bonecos em outros formatos, como os Pop! Rides, que geralmente são personagens dentro de veículos, além de itens de vestuário, brinquedos de pelúcia, canecas, chaveiros, entre outros.

Estima-se que desde a sua criação, a empresa já tenha criado quase 20 mil produtos diferentes, com acordos de licenciamento que envolvem mais de 1.100 empresas diferentes. Por isso, é possível encontrar desde Funkos de astros da música, como Freddie Mercury, até linhas dedicadas a animes como Dragon Ball Z e franquias como os Vingadores.

Também chama a atenção a agilidade da empresa, já que um novo modelo de boneco leva cerca de 70 dias para ir dos rascunhos até estar nas prateleiras das lojas.

Ou seja: independentemente do seu gosto, é quase impossível não achar um Funko que te agrade. Especialmente porque, para quebrar o ar de design genérico, os bonecos da marca costumam ser acompanhados com elementos específicos que, geralmente, criam um apelo direto com os fãs mais fervorosos das franquias neles representadas.

 

Quanto mais raro, mais caro

Outra característica dos Funkos é que, geralmente, eles não seguem um valor de mercado pré-estabelecido. Sempre que um novo produto chega às lojas, obviamente, ele tem um valor sugerido, mas alguns fatores podem fazer com que esse preço acabe sendo muito maior do que o inicial.

O principal deles é a raridade. A tiragem de um Funko varia consideravelmente e produtos fabricados em menor quantidade acabam alcançando valores de revenda altíssimos.

Além disso, a empresa tem por hábito lançar produtos especiais em eventos como a Comic-Con. Geralmente, esses bonecos têm detalhes únicos e baixo número de produção, uma receita para que eles alcancem valores estratosféricos quando revendidos.

Quer um exemplo? O Funko do personagem Alex DeLarge, do clássico Laranja Mecânica, pode ser encontrado no site de leilões eBay por impressionantes US$ 13.300.

É um valor que soa absurdo, mas há algumas justificativas para isso. O primeira é o fato de que esse boneco faz parte da linha Chase, que brilha no escuro, o que o diferencia de sua variante convencional. Além disso, há a questão da tiragem: apenas 12 unidades foram feitas, o que o torna absurdamente raro.

Esse, porém, não é o único caso, nem o mais caro. O “pai” dos heróis da Marvel, Stan Lee, ganhou uma coleção bem limitada de dez unidades douradas e dez prateadas com acabamento cromado. As caixas contêm o seu autógrafo e, no eBay, cada uma delas sai por US$ 77.777,77, mais de R$ 430 mil.

Se você pensa em começar uma coleção dessas figuras de ação, mas levou um susto com esses valores citados, saiba que eles são exceções. Geralmente, é possível encontrar Funkos a preços bem acessíveis, o que torna o hobby de colecionar bonecos do tipo algo bem democrático. No Brasil, é bem fácil encontrar Funkos à venda por preços abaixo dos R$ 100, o que facilita bastante na hora de começar uma coleção.

O maior desafio, porém, é parar. Que o diga David Mebane: de acordo com o Guinness Book, o morador de Knoxville, no Tennessee (EUA), é o maior colecionador de Funkos do mundo. Ele começou a sua coleção em 2014 e, no final de 2020, tinha incríveis 7.095 unidades de Funkos. Nada mal, não é?